Um Pastor diferente! (Jo 10, 11 -18)

Pascom Diocesana
Por Pascom Diocesana abril 25, 2015 20:48 Atualizado

assinatura-padre-ancelmoEste texto evangélico é um verdadeiro clássico na literatura bíblica. Sua articulação e sua mensagem são de uma relevância tal que a Igreja reservou-lhe o quarto domingo da Páscoa e o instituiu como domingo do Bom Pastor.

Mas, de onde Jesus teria tirado esta imagem de pastor e ovelha? Certamente do capítulo 34 do livro do profeta Ezequiel, onde se lê: “Eu mesmo cuidarei do meu rebanho e dele me ocuparei. Como o pastor cuida do seu rebanho, quando está no meio de suas velhas dispersas, assim cuidarei das minhas ovelhas e as recolherei de todos os lugares por onde se dispersaram em dia de nuvem e escuridão” (Ez 34, 11-12).

Israel vivia um clima de desordem total: ovelhas e pastores respiravam um oxigênio imbuído pelo jogo de interesses. Se o pecado dos pastores era sugar completamente o sangue das ovelhas e comer sua carne, deixando-as enfraquecidas, o pecado das ovelhas era o exercício de uma rebeldia e desobediência absurda. Onde pode parar uma sociedade em que líderes e liderados perderam o temor do Sagrado? Ambos trancados no mesquinho e vergonhoso curral da própria pessoalidade? Escravos de si mesmos? Certamente seu fim será o vazio!

Pastores cuja finalidade era dominar, ferir, explorar, perseguir, traindo completamente o sonho de Deus: cuidar, apascentar, dar a vida, olhar com carinho. Ovelhas por sua vez guiadas não mais pela voz do pastor, senão pela intuição contaminada do próprio eu, movida ao individualismo, ao fechamento, à letargia.

Chegada a plenitude dos tempos, Deus, como que cansado de assistir a uma velha estrutura de relacionamento entre os humanos, a fim de continuar acreditando no homem e na sua sublime vocação, por ora não manda mais pastores, senão seu próprio Filho. Agora, Ele, o unigênito do Pai é quem senta na cadeira dos pastores e fala em primeira pessoa: “Eu sou o Bom Pastor!”. É Dele que os pastores e ovelhas devem aprender a verdadeira arte de viver esta delicada vocação.

Mas, por que Jesus é realmente o Bom Pastor? Simplesmente porque soube ser ovelha boa, dócil, serviçal, e, como Pastor, soube conduzir, testemunhar, iluminar, corrigir, dar a vida. Em Jesus podemos encontrar, com plenitude e eficácia, estas duas realidades: Pastor e ovelha. Para o mundo atual, ambas são contraditórias, pois: uma manda, a outra é mandada; uma oprime, a outra é oprimida; uma é classe seleta, a outra é massa de manobra. Essa não é a lógica do Pai! Se para o mundo uma dimensão é inimiga da outra, para Deus ambas se completam. O que seria dos pastores sem as ovelhas e das ovelhas sem os pastores?

Jamais será na vida um bom pastor, quem não souber ser uma boa ovelha. De modo que nunca seremos ovelhas na sua totalidade se não trabalharmos em nós a difícil, porém necessária, virtude da humildade. Isto não significa subserviência, escravidão, tolice, senão a consciência de saber quem somos: húmus, humilitas, isto é, de que material fomos feitos, qual nossa real composição.

Aproveitemos esta Eucaristia e aprendamos de Jesus o maduro equilíbrio inaugurado somente por Ele, na história da salvação: o de ser Ovelha e Pastor!

Pascom Diocesana
Por Pascom Diocesana abril 25, 2015 20:48 Atualizado

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