A exemplo do formato já adotado em momentos anteriores, no caso na pesquisa sociorreligiosa com quase 40 mil famílias da zona sul de São Paulo que trouxe alinhamentos para o atual Plano Diocesano de Pastoral da Diocese de Santo Amaro e na contribuição aberta para a Assembleia Eclesial da América Latina, todo o processo de escuta do Sínodo sobre a Sinodalidade foi tornado público por meio de todos os instrumentos de comunicação diocesanos (site, redes sociais), mas sobretudo por meio de seus agentes multiplicadores (clero, religiosos e líderes de serviços, movimentos, associações e pastorais).
Em um primeiro momento, houve formações diocesanas (encontros presenciais e virtuais), explicando (a exemplo do que ocorreu na Assembleia Eclesial) a necessidade de uma participação vívida de todo o Povo de Deus. Essas formações ocorreram nas três dimensões em que se organiza atualmente a pastoral na Diocese de Santo Amaro (paroquial, setorial e diocesana). Esses momentos incluíram formações unificadas, do Regional Sul1 e do subrregional SP, com a presença dos bispos e do cardeal metropolitano, de forma também a dar uma unidade ao processo de formação. Houve ainda a participação de líderes nacionais do processo, como o secretário-executivo de Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e subsecretário-geral adjunto da entidade, padre Patriky Samuel Batista.
Em um segundo momento, foram repassadas a questão fundamental e os horizontes temáticos para serem trabalhados nas três dimensões do trabalho eclesial na Diocese de Santo Amaro. Para essa fase também foram definidos três eixos de colaboração: as paróquias, nos quais se notou em boa medida a participação dos Conselhos Pastorais Paroquiais (CPPs); as Forças Vivas, ou seja, os coordenadores, assessores e líderes de movimentos associações e pastorais; e clero, religiosos e novas comunidades que atuam no território da Mitra Diocesana.
Houve meses de espaço para formação local e setorial das mais de cem paróquias e espaço para reuniões e debates nos CPPs, que engrandeceram o processo. Alguns utilizaram as equipes de rua ou as formadas para ir de casa em casa na pesquisa sociorreligiosa para mais essa missão; outros utilizaram de novos mecanismos, o que permitiu ouvir mais, agregar mais, trazer mais pessoas para perto. Na sequência, houve a elaboração das contribuições, de todas as formas possíveis, desde escritas de próprio punho até informações recolhidas via Google Formulários, conforme as diversas realidades existentes em um espaço geograficamente grande e diverso, que vai desde os espaços rurais no extremo sul paulistano até a área mais urbanizada da capital paulista, próximo do Aeroporto de Congonhas.
Vale ainda por um momento relatar a situação local e de conjuntura em que ocorreu o recolhimento dessas contribuições. Em meio a maior pandemia em cem anos, com momentos de restrição de encontro, as dificuldades inspiraram momentos e histórias de superação. A necessidade de encontrar o outro novamente em comunidade, e de encontrar a Cristo na celebração eucarística presencial novamente, se mostrou impulsionadora de uma nova consciência sobre o que é ser Igreja. Muitos não voltaram ainda, outros tantos realmente estão perdidos e haverá a necessidade de ir até eles. Dessa forma, ao se analisar as contribuições, se misturam alguns sentimentos: confusão, perplexidade, angústia, ansiedade. Até mesmo revolta e, como não poderia faltar, dor. Entre essas sombras e luzes, uma constatação: a Igreja ainda hoje é remédio e solução para a vida, não é algo relativo ou descartável.
Por fim, a Equipe Diocesana de Animação do Sínodo, composta pelos articuladores dos 11 setores e pela coordenação e Secretaria Diocesana de Pastoral, recebeu as contribuições para a devida compilação e preparação desta contribuição. Essa etapa também seguiu os três passos fundamentais de uma ação sinodal, que sejam escuta (recepção de textos), análise e redação final. Essa redação final procurou atender não só aos anseios desta comunidade local, mas também trazer planos, propostas e indicar caminhos a seguir, formas de criar estradas para Cristo. O trabalho contou ainda com a assessoria do Padre Ari Luis do Vale Ribeiro, auditor em 2012 da 13ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos.